OEla foi a vencedora do 19° GRAMMY Latino de Melhor Album Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa.
Além disso, a artista foi indicada em outras três categorias: Gravação do Ano, Artista Revelação e Melhor Álbum de Engenharia de Gravação.
Este talento todo vem de Anaadi, a cantora e compositora gaúcha que faz um trabalho lindíssimo numa mistura musical fantástica que inclui jazz, R&B, MPB e muita personalidade.
A cantora e compositora já trabalhou com grandes artistas como Roberto Menescal, Max de Castro, Guinga e Rick Wakeman, e em 2013, foi destaque gaúcho do programa The Voice Brazil.
E claro, desta linda jornada, nós da Presto também temos o orgulho de participar. Quer saber por quê? Confira na entrevista de Anaadi abaixo:
Como e há quanto tempo você iniciou nesse imenso mundo da música?
Iniciei no mundo da Música oficialmente aos 5 anos (há 27 anos atrás) quando comecei a fazer aulas de piano e cantar no coral infantil na escola.
A partir dali, participei de diversos corais na adolescência. Mas minha mãe sempre cantava em casa desde que eu era bebê, então acho que minha primeira escola foi a voz e o cantar dela.
Quais foram as suas influências, e o que inspira você no seu trabalho?
Minhas principais influências são o Jazz, o Samba e o R&B, através de artistas como Ella Fitzgerald, Louis Armstrong, Paulinho da Viola, Bezerra da Silva, Sade, Alicia Keys, Christina Aguilera, Cartola, Noel Rosa, Tom Jobim, Stevie Wonder, Maxwell, entre tantos dos meus ídolos. M
Me inspiro muito com os discos e músicas que ouço de outros artistas, às vezes antigos, às vezes contemporâneos, e me inspiro muito com a vida mesmo, com a experiência de ser uma mulher no mundo contemporâneo e todas as implicações disso.
Me inspiro com pessoas, com gente que admiro. A noite me inspira muito também, e meus sonhos me inspiram sempre.
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O que costuma escutar em casa?
R&B e fusões de Jazz com a cultura do Hip Hop na maior parte do tempo. Tenho ouvido muitos artistas novos de R&B.
Do ano passado pra cá, furei três discos no Spotify: o duplo da H.E.R, o Laid Black, do Marcus Miller e o Black Radio, do Robert Glasper.
Você trabalhou com Arrigo Barnabé e Rick Wakeman, dois grandes nomes da cultura e música contemporânea. Como foi essa experiência?
Foi maravilhosa, porque esses dois artistas são pessoas muito humildes e generosas. Me inspiraram com a beleza de seus espíritos e da sua conduta com cada um ao seu redor.
Artisticamente, foram momentos de crescimento pra mim, porque a gente sempre evolui um pouquinho quando canta ou toca com pessoas mais experientes do que a gente no fazer musical.
Eu sou muito grata à vida por sempre cantar com grandes músicos, porque além de fazer o que amo, estou sempre aprendendo com eles.
– Acredita que sua participação no The Voice Brasil tenha ajudado a
impulsionar ou inspirar o seu trabalho?
Com certeza! Impulsionou, porque muita gente acabou me contratando para trabalhos e até hoje tenho fãs daquela época que me seguem. Esses dias fui fazer um show num SESC em São Paulo e um casal me contou que me ouve desde o The Voice.
Além disso, a experiência no programa me fez descobrir sobre a diferença entre ser artista do mundo da musica de entretenimento e artista da música enquanto experiência de criação. Depois disso, amadureci muito e parei de perseguir algo que eu agora sabia que não queria: ser uma artista do entretenimento.
As duas são importantes no mundo e têm grande valor, mas me identifico mais com a segunda. Saber quem a gente é e o que queremos é empoderador e fundamental para que a gente desenvolva um caminho bem sucedido e de realização pessoal e profissional.
– Como foi o momento de receber a indicação para o Grammy 2018? Você já
esperava?
Eu não esperava. Achei que não seria indicada em nenhuma categoria. Quando descobri que meu disco estava indicado em quatro delas, sendo três internacionais, eu quis dar um grito de felicidade!
Mas não o fiz porque estava dentro de um avião desembarcando no Rio pra um show.
Foi demais, sensação maravilhosa de conquista, realização. Me deu mais certeza do meu caminho, do meu valor como artista, das minhas escolhas.
Não que um prêmio tenha o poder por si só de fazer isso, mas me senti assim porque sei que quem vota nesse prêmio são músicos, técnicos de música e artistas, então me senti extremamente incentivada e lisonjeada por receber, através dessas indicações, esses elogios de colegas de toda América Latina.
O que passou por sua cabeça ao concorrer ao prêmio?
Muita coisa! Valorização, alegria, alívio, bênção, oportunidades, mudanças, coragem, dúvidas, aberturas, tudo isso ao mesmo tempo.
Pensei primeiro que eu não ia ganhar, mas que estar indicada já era uma enorme realização. Mas ao mesmo tempo eu estava indicada a muita coisa.
A chance parecia grande. Por outro lado, eu era a menos conhecida ali.
Como ganhar?
Como me senti profundamente incentivada, me deu vontade de batalhar mais pelo meu trabalho, pela propagação da minha música.
No fim, ganhei, a vida me surpreendeu, que ótimo, né?
Agora que o disco NOTURNO ganhou como Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa, você escuta (pensa) ele de maneira diferente?
Eu penso/ouço ele da mesma maneira que antes. A diferença é que acho que agora as pessoas ouvem o disco com mais atenção e interesse, porque sabem que ganhou o prêmio.
Eu tenho o mesmo orgulho dele que tinha antes, porque meu norte na produção era esse: um disco que me tocasse, que me traduzisse e do qual eu pudesse ter sempre orgulho, hoje ou daqui a 20 anos.
Como você se sente tendo o seu disco de estreia premiado com um Grammy? Ainda mais sendo ele uma produção independente?
Me sinto realizada, bem sucedida e mais confiante de que quando a gente planta com dedicação, amor e perseverança, a gente colhe sim belos frutos.
Esse foi o meu, e com todo respeito posso dizer que acho que foi merecido. Não no sentido de competição ou concorrência, mas no sentido do fomento que esse prêmio representa para o meu trabalho.
Olho para todo processo e todas as pessoas envolvidas nesse projeto e vejo o quanto esse fomento, esse incentivo e esse reconhecimento fez e faz com que a gente continue no caminho da música com verdade e dignidade.
Qual é a receita para fazer um bom disco? Pode ser revelada? (risos)
Pra cada um tem uma receita que se cria. Acho que existem milhões de receitas, uma pra cada bom disco já lançado.
A minha está em fazer algo verdadeiro, com pessoas que eu admiro técnica e artisticamente e que considero verdadeiras também, buscando sempre refletir algo que eu deseje refletir profundamente e sem desistir até encontrar a mágica, que é aquele momento das gravações em que a arte acontece e a emoção, a empolgação ou o arrepio chegam.
Como foi contar com a presença de Jorginho do Trompete, Roberto Menescal, Bebê Kramer e Samuca do Acordeón?
Admiro demais o Jorginho, para mim era impossível existir o Noturno sem ele! Sou fã para sempre da sua música e da sua genialidade.
Com o Menescal foi uma honra compor e contar com o violão sensível, sofisticado e praticamente lendário dele! Menescal é a “maravilhosidade” em pessoa, trabalhar com ele é sempre um aprendizado e um presente, deixa a energia da gente melhor. E a sua contribuição artística é enorme ao trabalho.
O Samuca e o Bebê são dois grandes músicos que, sem saber, fizeram um diálogo maravilhoso na última faixa do disco! Foi um presente e uma grande felicidade contar com a participação deles no disco.
Na categoria de Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa, você concorreu com grandes nomes como Erasmo Carlos e Iza. Você acredita que ter superado os demais nominados abre um caminho para uma nova geração da música brasileira?
Eu torço pra que sim. Acho que não se trata de superar ninguém, e sim de um reconhecimento de uma estética e de um trabalho.
Com respeito a todos os meus colegas (cada um de nós é único, e cada disco também), poder valorizar um disco ou um artista em determinado momento é poder lançar luz a ele e à estética que ele propõe.
Acho que é isso que o Grammy Latino fez com cada um de seus premiados.
Eu desejo sim que o Noturno possa influenciar caminhos musicais diversos, e que venha se expressar ao lado de outros trabalhos cujas referências musicais são semelhantes.
Ele ainda me parece um pouco outsider na música brasileira, porque bebe muito numa fonte que mistura Samba com R&B, Jazz e outros ritmos Afro. Mas nada nasce sozinho, e eu torço pra que trabalhos na onda dele sejam cada vez mais frequentes!
Ser indicada como artista revelação foi muito especial no GRAMMY. O que você tira dessa lição?
Nossa, nem sei direito o que dizer sobre isso. É algo tão inesperado para mim! Talvez a lição que eu tire seja: confie mais no seu talento, nas suas escolhas e na sua bagagem espiritual.
Músicos praticam diariamente. São rotinas de estudos, exercícios e aplicação de técnicas que aperfeiçoam o trabalho do artista. Quais são as suas rotinas de estudo musical?
Para começar, sempre cuido muito da minha voz. Nunca fumei e quase nunca bebo álcool. Além disso, observo muito como a voz está a cada dia para poder usá-la corretamente.
Se ela esta mais frágil, faço períodos de repouso vocal quando possível e exercícios que aprendi nas aulas de canto e na fono.
Além disso, escuto muita música. Sempre! Desde música cantada até música instrumental.
Eu estudo canto com a Lucia Passos há 14 anos. No ano passado não consegui fazer nenhuma aula, e como minha demanda de trabalho aumentou bastante, passei a fazer os exercícios em casa toda vez que tinha show, ou às vezes depois de acordar pra subir a voz pra um lugar mais saudável.
Como já dei aulas de canto, incentivada pela Lucia, eu hoje sei preparar minha própria prática de exercícios vocais conforme minha voz precisa. Mas fazer aulas com a Lucia é muito além do que eu posso desenvolver em casa.
Sempre estudei com ela, o que transformou completamente meu jeito de cantar. Minha voz surgiu de verdade, meu timbre foi descoberto, minha expressão ficou muito mais rica, e eu sempre descubro potencialidades e recursos na minha voz que não conhecia antes.
Às aulas de canto se somam as gravações de voz em estúdio, que faço bastante. Também são uma estratégia super rica de aprendizado vocal e musical.
Fora isso, procuro ter uma rotina minimamente saudável de sono, o que anda meio difícil.
O que a Presto ajuda você nesse processo?
Na Presto é onde tenho aulas com a Lucia. E a Lucia é uma grande responsável pela cantora que eu sou hoje, pelos caminhos que percorri com a minha voz e pela confiança que conquistei pra trabalhar. Então a Presto tem um papel fundamental na minha vida artística e profissional.
Qual a importância da Presto na sua formação? O que você aponta como relevante para a sua carreira daquilo que estudas com a professora Lúcia?
Além do que já falei antes, a Lúcia me ensinou a explorar e conhecer a minha voz. E esse aprendizado nunca acaba.
O mais relevante pra mim nesses anos todos foi descobrir que eu era e sou muito mais capaz do que conhecia, e que a minha voz é viva e pode evoluir, expressar o que eu sinto e penso de diferentes formas e em diferentes estilos.
A Lucia sempre foi muito mais do que uma professora de técnica vocal, e por isso a chamo de professora de canto. Porque ela sempre enfatizou que cantar se trata de beleza, de fé, de energia, de amor por si e pelo próximo, portanto não se trata de subir em cima de ninguém pra conquistar espaços, e sim de seguir cantando no seu caminho com empenho, verdade, amor e a humildade que se puder conquistar.
Conhecer a própria voz, confiar na própria voz e trilhar um caminho digno. Acho que o livro de ensinamentos da Lucia e da Presto poderiam ter esse título.
Você indicaria a Presto para quem tem o sonho de ser reconhecido no mundo da música? Por quê?
Com certeza! Porque é onde eu escolhi estudar e porque acho que é o melhor lugar pra se estudar canto no Rio Grande do Sul, quiçá no Brasil.
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Quais são os planos para o futuro? Um novo álbum? Apresentações? Parcerias?
São muitos! Em março vou pra Costa Rica fazer três shows e gravar um disco. Depois volto pro Brasil pra mais shows aqui e em São Paulo.
Tenho shows da turnê do meu disco Noturno marcados, além de outros projetos. Em abril vou apresentar uma nova edição do meu primeiro show da vida: “Fever: Tributo às Divas do Jazz e do Blues”. Será em Porto Alegre e ainda estamos definindo a data.
Meu Segundo disco só deve ser lançado no ano que vem, então em 2019 ainda vamos inventar muitas coisas!
GRAMMY no Primeiro Conversas em Compasso
Nosso primeiro Conversas em Compasso foi com Anaadi, aluna da PRESTO ha mais de uma década e que ganhou no fim de 2018 o 19° GRAMMY Latino de Melhor Album Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa.
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Vem muitos mais por aí.
Até breve!